Amor

Existe apenas um único número real: o número um. E o amor, aparentemente, é o melhor expoente dessa singularidade.

Um amor natural e espontâneo, gerado na simplicidade do coração, alimentando-se de si, sem ostentar-se ás emulações dos outros, sem abastardar-se no jogo de pequenas misérias, são a iguaria apetitosa da mulher saciada.

O amor é bem capaz de ser a sensação de que podemos cair e nem isso nos fazer parar.

O amor pode muito bem ser apenas a impossibilidade de curar um mal, e depois obviamente curá-lo.

Que lindas não devem ser estas criações etéreas da vaporosa imaginação de uma virgem! Como será aquele ansiar indefinido que ela tem pela realidade de uns sonhos diáfanos, em que lhe sorriam lindos mancebos de cabelos louros, em palácios de missanga, e nuvens cambiantes de todos os reflexos da inocência!…

Fingir é amar.

O amor é tão frágil que consegue resistir a tudo.

O amor é um compromisso com a verdadeira felicidade do outro. Alguém que ama só pode estar contente se aqueles a quem ama também o estiverem.

O amor é uma fruta da época durante todo o ano e que está ao alcance de todas as mãos.

O amor só existe quando duas pessoas se encontram no meio de duas viagens diferentes.

O amor, quando se ama, não ocupa tempo – é o tempo.

Os amores acabam sempre sem motivo quando não são amores. Quando são continua-se. Mesmo que doa.

Quem ama é diferente de quem é./ É a mesma pessoa sem ninguém.

O amor é bem capaz de ser a melhor maneira de nos encontrarmos connosco. Preciso de ti para saber de mim.

Não somos malucos. Somos humanos. Queremos amar e alguém tem de nos perdoar pelas escolhas que tomamos para amar, porque os caminhos são muitos e negros, e somos ardentes e cruéis durante a nossa viagem.

Amar é estar, antes de mais nada amar é estar, é procurar nos momentos mais desprotegidos quem se ama e quem se ama estar lá.

Todos os amores começam assim. No silêncio de um olhar, no silêncio de uma mão dependente da outra, de outra mão vadia a vaguear pela cidade nocturna do teu corpo, no silêncio dos lábios trincados, trocados, massajados, abraçados e voltados a abraçar. Todos os amores são silêncio estendido.

O amor para ser real, tem que custar ? tem que doer ? tem que nos esvaziar de nós próprios.

Costuma dizer-se que um amor cura-se com outro, eu prefiro receitar a paixão. Os efeitos são mais eficazes. Mais prazer e mais depressa. Mais confiança em menos tempo.

Apaixonaram-se como as pessoas se apaixonam na adolescência, avassaladoramente e também por acaso.

O nosso amor nunca é para nós! Jamais poderemos gostar de nós mesmos se não fizermos nada de bom aos outros. Amar-se a si mesmo é uma contradição, uma forma simples de dizer egoísmo.

Um primeiro amor pode não passar nunca, mas acaba sempre

Um homem nunca fica verdadeiramente curado de uma mulher senão quando chega o dia em que nem mesmo tem a curiosidade de saber com quem ela o esquece

O amor acontece quando desistimos de ser perfeitos.

O amor é essa fronteira tão irresistível entre o que a decência permite e a excitação obriga.

O impossível cálculo do amor: dois seres, um e um, somando o infinito.

O grande amor é o que resiste às pequenas coisas que todos os dias o querem impedir de crescer.

Todas as alegrias têm um pedaço de medo, ou mais do que um pedaço, nenhuma alegria subsiste sem medo, choro de medo de não te ter.

Um amor sempre feliz é uma tristeza de todo o tamanho.

Amar é arriscar tudo, sem garantia alguma. Apenas com a fé de que, no amor, nos cumprimos… Amar é desprender-se e perder-se… abrir-se e abandonar-se à vontade de ser feliz.